FLUTUANDO SOBRE A NATUREZA
O edifício proposto para o Museu de Arte Weihai Shandong, na China, manifesta seu caráter de integração com a natureza ao tocar o solo suavemente e flutuar sobre a vegetação preservada. Com apenas cinco pontos de apoio, a base do edifício se apoia na parte mais alta do terreno, por onde se dá o acesso dos visitantes, e se estende sobre o córrego na forma de um volume envidraçado que conecta os espaços expositivos à paisagem circundante. Com vistas privilegiadas, além dos 2 pavimentos que exploram a transparência como instrumento de conexão, a cobertura é um componente adicional de contato com a natureza circundante, proporcionando vistas surpreendentes para os montes da cidade de Rushan e possibilitando uma experiência sensorial externa com o ar, vento, sol e chuva.
EXPOSIÇÕES ABERTAS ENTRE SI E PARA A PAISAGEM
A jornada do visitante começa com o acesso da cobertura para o 2º pavimento pelas escadarias de concreto aparente. Ao passar pela recepção, ele é direcionado para o 1º pavimento, configurando uma trajetória expositiva de baixo para cima, terminando na cobertura. O 1º primeiro pavimento possui cinco pisos de vidro que abrem o contato visual para o terreno, com a nascente do lago e sua vegetação nativa. A exposição é completamente flexível, com espaços abertos e conectados entre si, ao mesmo tempo que se conectam a paisagem circundante pela transparência do vidro. Essa transparência também é controlada pelas proteções solares de madeira, que se encaixam na modularidade da vedação e da estrutura.
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E FINANCEIRA
O Museu de Arte Weihai Shandong se posiciona como um manifesto de sustentabilidade ambiental. O gesto principal de tocar o solo suavemente, preservando a vegetação nativa e a nascente, se estende à criteriosa escolha da estrutura e dos materiais. O concreto e o aço são indispensáveis para o desempenho estrutural exuberante, e são elementos de economicidade quando se encaixam na coordenação modular e racionalidade construtiva. A simplicidade e legibilidade da estrutura e das vedações justaposta de forma não convencional é que proporcionam o extraordinário a partir do ordinário. A madeira ganha destaque como material natural totalmente reciclável e retornável para o meio ambiente através do reflorestamento e manejo sustentável do plantio. Madeira que ganha forma nos brises, no forro, no deck da cobertura e na estrutura modular da cobertura. Os pilares hexagonais da cobertura sustentam também os conjuntos de painéis fotovoltaicos que transformam a energia solar em energia elétrica.
ACESSIBILIDADE, SEGURANÇA E EDIFÍCIO PARA MORADIAS E ESCRITÓRIOS
Todos os pavimentos possuem acesso para pessoas com necessidades especiais, através de elevadores, e a segurança das rotas de fuga é formada por compartimentos e escadas de incêndio que conduzem para a saída no nível da cobertura. Os espaços de exposição possuem o apoio das áreas de descanso, café, depósitos e áreas técnicas. O edifício de apoio para os funcionários do museu, composto como um edifício de moradias e escritórios, foi criado na forma de um círculo que se vincula ao museu por meio de alças externas, fazendo ao mesmo tempo uma separação e uma integração ao corpo do edifício.
INFRAESTRUTURA
O Museu de Arte foi pensado não como um objeto isolado, mas como um componente de infraestrutura urbana, apto a receber os turistas nas colinas chinesas.
– Veículos: um amplo acesso com vagas para carros e ônibus de turismo foi posicionado no nível da antiga trilha. Os visitantes podem estacionar confortavelmente e caminhar até a entrada no nível da cobertura.
– Topografia: o terreno foi preservado ao máximo, sendo impactado apenas pelas fundações dos cinco pontos de apoio do edifício e do volume encrustado na encosta, com um volume moderado de terra escavada e muros de arrimo.
– Vistas: as vistas acabam se tornando um elemento de infraestrutura urbana, uma vez que a cobertura se integra à paisagem com sua morfologia orgânica e vegetação, se expandindo como plataforma sobre o vale.
Área construída:
1º andar= 3.419 m²
2º andar= 2.879 m²
(Edifício de moradias e escritórios= 240 m²)
Total = 6.298 m²
ESTRUTURA
Os cinco pontos de apoio do edifício são compostos por pilares de concreto armado que fazem a transição para quatro pilares metálicos inclinados em forma de árvore, de onde partem os volumes dos dois pavimentos, compostos por diagonais que formam losangos com eixos principais de 15 metros. A altura de cada pavimento é 7,5 m, fazendo a altura total de 15 metros. A composição possibilita a criação de travamentos triangulares, que conferem alto estabilidade estrutural ao conjunto e estabelecem o parâmetro da coordenação modular como elemento de racionalidade e economicidade. A modularidade de estende à parede cortina da fachada, composta por losangos e brises de proteção solar.
SUSTENTABILIDADE
O projeto foi cuidadosamente pensado com base em estudos de insolação e ventilação. Considerando as coordenadas geográficas da cidade de Rushan, a fachada norte é a que necessita de mais proteção solar, pois está exposta ao sol no verão e maior exposição ao sol nos períodos da tarde. A fachada sul se beneficia dos ganhos de calor no inverno e está mais exposta ao sol da manhã, portanto, incorpora menos elementos de proteção solar. Além desses elementos que garantem a eficiência energética do edifício, as estratégias sustentáveis incluem o uso de painéis fotovoltaicos, vidro de alta performance nas fachadas, captação e reuso de água das chuvas, e sistema de ar condicionado alimentado pela energia solar dos painéis na cobertura.
Estratégias sustentáveis
Painéis fotovoltaicos na cobertura. Transformam energia solar em energia elétrica, contribuindo para a eficiência energética do edifício e preservando o meio ambiente dos usos ineficientes e poluidores.
Coleta de águas pluviais para reuso nos vasos sanitários e irrigação dos jardins.
Reservatório inferior para tratamento de água das chuvas.
Brises inclinados e horizontais protegem os espaços de exposição da incidência solar direta.
Vidro low-e de alta performance. Permite a entrada de luz natural e bloqueia grande parte da radiação solar, mantendo o conforto térmico nos espaços internos.
Ar condicionado alimentado pelos sistemas de energia fotovoltaica. O uso de energia limpa reduz os impactos do uso de climatização artificial.
EXPOSIÇÕES
Os espaços expositivos são flexíveis e podem incorporar diversos temas da cultura chinesa, como caligrafia, pintura, cerâmica, alimentação. Destaque para o espaço destinado à Grande Muralha, com um cone de madeira e teto luminoso que exibem a história magnífica do monumento chinês. Na extremidade do espaço expositivo, com pé-direito duplo, um grande dragão suspenso representa um dos ícones mais marcantes da cultura chinesa.