UBS Quilombola do Gurugi

CASA DE BARRO
A Comunidade Quilombola do Gurugi é caracterizada historicamente por negros libertos ou fugidos do regime de escravidão, composta hoje por aproximadamente 253 famílias em assentamento na área rural do município de Conde, Paraíba. As antigas casas da comunidade foram construídas em Taipa com cobertura de palha. A técnica construtiva da Taipa consiste em alvenaria de barro compactado, em alguns casos complementado com bambus e paus. Com o objetivo de preservar as características identitárias e culturais relativas às comunidades negras remanescentes dos quilombos, nossa proposta para a Unidade Básica de Saúde utiliza o tijolo de barro como principal material construtivo. A nova UBS se apresenta como uma releitura das antigas casas de barro, que agora, pelo cozimento industrial produz tijolos aparentes, usados de modo dinâmico com aberturas do tipo cobogó, com diferentes formas de assentamento da alvenaria, promovendo a integração visual e física, assim como as condições de ventilação, iluminação e conforto térmico.

TRANSIÇÃO ENTRE ESPAÇO PÚBLICO E AMBIENTE CONSTRUÍDO
A interface de integração espacial é definida pelos elementos vazados de alvenaria e pelo terraço de acolhimento e espera que se abre como acesso principal dos pedestres e conduz à recepção e ao pátio central. Os acessos de veículos e pedestres foram cuidadosamente pensados, priorizando segurança e funcionalidade. A área coberta de embarque e desembarque da ambulância é precedida de pista de desaceleração adjacente à rodovia, e intermediada por uma pequena praça com bancos, paisagismo e iluminação. A travessia de pedestres para o outro lado da rodovia foi ampliada e sua conexão acontece próximo à horta comunitária.

ECONOMICIDADE E RACIONALIDADE CONSTRUTIVA
O tijolinho de barro se mostra como material identitário principal, de baixo custo, e modular, apesar da aparência artesanal. A estrutura de concreto armado moldado in loco também é mantida aparente, com suas caraterísticas de fácil utilização da mão-de-obra local, durabilidade e baixa manutenção. As divisórias internas são de dry-wall, possibilitando um aspecto técnico mais refinado no que diz respeito à flexibilidade dos espaços e sua adaptação com o passar do tempo.

SUSTENTABILIDADE
O clima da região, sendo tropical quente e úmido, conduziu a concepção do edifício como indutor de ventilação cruzada. Os ventos predominantes vindos do leste são levados ao interior do edifício por amplas janelas e pela parede de alvenaria da fachada, que canaliza o vento para a recepção com tijolos em ângulo de 45 graus em parte do cobogó. Os elementos vazados na fachada frontal também propiciam a ventilação cruzada, otimizada pela abertura do átrio central, que dissipa o ar quente e proporciona luz natural. As alvenarias externas são compostas por duas fiadas de tijolos maciços, totalizando 20 centímetros de espessura e garantindo a inércia térmica. As fachadas de insolação mais intensa, oeste e sul (final da tarde e verão), receberam brises horizontais de alumínio para proteção da incidência solar direta. Um reservatório inferior faz o tratamento de águas pluviais coletadas na cobertura, para reuso na limpeza da edificação e irrigação dos jardins.

Fatos do projeto
  • Localização : Conde-PB, Brasil
  • Data : 2019
  • Área do Terreno : 603 m²
  • Área do projeto : 284 m²
  • Número de pavimentos : 1
  • Altura da Construção : 5,70 m
  • Categoria : Educação + Saúde
  • Serviço : Arquitetura

Croquis + Desenhos

Modelos + Diagramas