EXPRESSÃO TECTÔNICA
A essência da arquitetura está na manifestação poética da estrutura. Nossa proposta identifica a “unidade estrutural” como a essência irredutível da arquitetura, tal como preconizado por Kenneth Frampton. Assim, o Centro Administrativo de Belo Horizonte foi concebido primordialmente como um ato tectônico, e não uma atividade cenográfica. O ato tectônico aqui expressado se dá em dois momentos, dois procedimentos materiais separados: o primeiro como a tectônica da solidez, onde os elementos comprimidos de concreto armado formam os níveis do subsolo, estacas de fundação, fosso e túnel do metrô, em um jogo articulado encravado na terra, que tende à escuridão num gesto de brutalidade. O segundo, oposto, é a tectônica da imaterialidade, onde a leveza e limpidez do aço e do vidro fazem emergir o arranha-céu, que embora imponente no tamanho, tende à desmaterialização, à luz e ao aéreo.
O imponente arranha-céu é um marco estrutural central no município de Belo Horizonte, no extremo de seu eixo mais importante, a Avenida Afonso Pena. Elemento central não apenas do ponto de vista construtivo, mas funcional e principalmente simbólico. Um marco governamental, a expressão cívica de uma sociedade que busca uma democracia sólida e amadurecida, representado aqui nas bases sólidas da expressão tectônica de um complexo arquitetônico e urbanístico arraigado na essência da unidade estrutural. Um paradigma virtuoso na construção de um novo tempo.